Nos anos 1990, o MARS realizou a exposição Vila Cai-Cai: a lógica da habitação reciclável, fruto de pesquisa de mestrado de Maria Helena Sant’Ana, antropóloga do museu. Composta como narrativa visual fotográfica, representa e interpreta formas específicas de organização da vida e em concepções de moradia e formas de habitar, considerando as trajetórias e memórias de vida marcadas por desterritorializações e rupturas significativas narradas pelos moradores da vila. De ocupação irregular, as reflexões dessas experiências eram expressas pois tensionadas pelo projeto de reassentamento em curso gestionado pela Prefeitura de Porto Alegre. A exposição também foi recebida em universidades e na duas primeiras edições da Reunião de Antropologia do Mercosul, em Tramandaí, RS e Piriápolis, Uy, e na Escola Neusa Goulart Brizola, que atendia as famílias da Cai-Cai já reassentadas no Loteamento Cavalhada.
O Seminário dos Povos Indígenas e o Estado consolidou uma tradição institucional de diálogo do Museu Antropológico do Rio Grande do Sul com diferentes campos de saber e atores sociais da esfera pública e sociedade civil – entre lideranças culturais, espirituais e culturais indígenas, técnicos de ONGs, pesquisadores e cidadãos em geral – na medida em que promove o debate multi e interdisciplinar sobre temas e assuntos que se relacionam com a problemática indígena em diversos contextos e espaços sociais. As edições do Seminário pretenderam promover a transversalidade e a dialogia de falas e escutas em torno de abordagens e investigações de diferentes áreas do conhecimento que tradicionalmente tematizaram a relação constituída entre os povos indígenas e Estado.
Como fruto da confluência de cinco diferentes linhas de pesquisa acerca da experiência social do negro no RS, a exposição “Cruzando Territórios Negros", realizada por ocasião dos 300 anos de Zumbi, no ano de 1995, e remontada em 1998 no Mercado Público de Porto Alegre, ficou expressar a diversidade destas experiências e de possibilidades de construção de identidade étnica. Neste sentido, a exposição procurou cruzar a experiência religiosa e difusa do batuque -uma entre outras das religiosidade afro-brasileiras-, conformada na noção de encruzilhada, com as experiências de comunidades rurais do Estado formadas exclusivamente por descendentes de pessoas escravizadas e que mantêm princípios endogâmicos em sua reprodução social, contrastando também com as redes sociais que se formam nas ruas centrais de Porto Alegre, de jovens negros em situações de entretenimento e sociabilidade e que se identificam por movimentos estéticos urbanos, politizados ou não, que denotam “negritude” ou “africanidade".
Caminhos do Bom Fim: exposição realizada em 1996, sobre as memórias plurais do tradicional bairro portoalegrense, que acolhia a antiga Colônia Africana e recebeu famílias imigrantes de diferentes nacionalidades e, de forma significativa a a partir dos anos 1930, levas de famílias judaicas refugiadas da perseguição nazista na Europa. A exposição explorou a trama dessas redes e territorialidades em convívio, e formação de momentos de tensão política e religiosas mas também de sociabilidades e solidariedades tecidas entre moradores de diferentes trajetórias e pertencimentos sociais e religiosos, compondo um perfil de cosmopolitismo que marca seu perfil contemporâneo. Em parceria com o Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, e exposto na sede do ICJMC e na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Dando início às comemorações do aniversário de 20 anos do MARS, foi inaugurada a exposição “No terreiro da memória: o Batuque no RS”, fruto da pesquisa da historiógrafa Neiva Fernandes. A exposição enfatizou as genealogias das tradições religiosas das nações Ijexá, Jeje, Oyó, Cabinda, assim como sua musicalidade ritualística, em especial a atuação do tamboreiro. A exposição teve duração de 4 meses, entre 1997 e 1998.
Em razão dos 90 anos de Claude Lévi-Strauss, em janeiro de 1999 iniciaram diversos eventos em sua homenagem, no Brasil e no mundo. Imbuídos deste mesmo princípio de homenagem a um dos mais importantes antropólogos de sua geração, o evento propôs um debate local sobre sua obra de dentro e fora do Estado. Desta forma, o evento proporcionou ao público ao Rio Grande do Sul, uma viva participação neste diálogo, tendo-se dividido em seminários, exposição e curso.
O evento As Múltiplas Vozes de Walter Benjamin propôs refletir e debater a atualidade da obra do autor alemão, que se notabilizou por tematizar criticamente um conjunto de problemáticas que têm uma ampla atuação e influência nos diversos campos das Ciências Humanas (como Antropologia, Artes, Política e Psicanálise). O evento constituiu-se de um seminário e um curso, que contou com a participação de intelectuais de São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul.
Aos 25 anos do MARS, tivemos um simpósio internacional com especialistas de diferentes enfoques da Arqueologia, que contou com nomes como Gustavo Politis, Tânia Andrade Lima, Maria Dulce Gaspar, Rosana Najjar, Daniel Schavelzón, Pedro Funari, Arno Kern e Pedro Ignácio Schmitz. As discussões centraram-se em temáticas relevantes à época, reunindo mais de 60 renomados especialistas, da Argentina, Uruguai, assim como de outros estados brasileiros, como Brasília, Pernambuco, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro.
O Fórum Internacional Povos Indígenas: Terra um Lugar para viver constituiu-se de painéis, oficinas, seminários e atividades paralelas que propuseram um amplo diálogo institucional e interdisciplinar sobre a cultura indígena. O evento foi realizado pelo Museu Antropológico e Secretaria de Estado da Cultura, junto à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena. A programação incluiu debates sobre saúde, educação, propriedade, mídia, identidade brasileira, etno-sustentabilidade, relação com o meio ambiente, literatura, entre muitos outros, oportunizando um espaço para a reflexão sobre a importância dos povos indígenas na constituição da identidade cultural do país.
O Fórum Internacional Povos Indígenas: Terra um Lugar para viver constituiu-se de painéis, oficinas, seminários e atividades paralelas que propuseram um amplo diálogo institucional e interdisciplinar sobre a cultura indígena. O evento foi realizado pelo Museu Antropológico e Secretaria de Estado da Cultura, junto à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena. A programação incluiu debates sobre saúde, educação, propriedade, mídia, identidade brasileira, etno-sustentabilidade, relação com o meio ambiente, literatura, entre muitos outros, oportunizando um espaço para a reflexão sobre a importância dos povos indígenas na constituição da identidade cultural do país.
A exposição Palmares não é só um, são milhares: 50 anos do 20 de Novembro foi organizada pelo Museu Antropológico do Rio Grande do Sul por ocasião da celebração do cinquentenário do Dia da Consciência Negra. Tendo como centro condutor a figura ícone de Oliveira Silveira, e os feitos seminais do Grupo Palmares, a mostra juntou mais de sete acervos significativos às memórias coletivas negras, percorrendo os Clubes Sociais Negros, as comunidades quilombolas do RS, a participação negra na formação cultural e a memória dos lanceiros negros, as ações e ativismos negros das periferias urbanas, e a memória das primeiras lideranças políticas e organizações ativistas, conformadas também na imprensa negra. A mostra permaneceu aberta de 30 de novembro de 2021 a 12 de junho de 2022, no Memorial do Rio Grande do Sul, com uma extensa programação paralela, e a visitação de mais de 15 mil pessoas.
Entre os dias 1 de julho e 21 de agosto de 2022, o Museu Antropológico do Rio Grande do Sul realizou a exposição No Âmago da Transgressão: Histórias Trans do Rio Grande do Sul. Tendo a curadoria de Caio Souza Tedesco e Morgan Lemes, dois homens trans, com os trabalhos de fotografia de Gabz, cenografia e arte interativa de Levy, a exposição contou também com o apoio e colaboração do CLOSE - Centro de Referência da História LGBTQIAP+ do Rio Grande do Sul, da ONG Igualdade RS, do Coletivo pela Educação Popular TransENEM, do Coletivo Homens Trans em Ação e do Memorial do Rio Grande do Sul. Abordando a diversidade de gênero de uma maneira didática e em sua pluralidade, a mostra construiu uma narrativa que buscou fomentar a humanização e o respeito, bem como quebrar estereótipos nocivos ainda existentes no imaginário social, sobre a população trans no Brasil.
O evento Museu em Fluxo: Oxuns da Costa Doce foi um grande encontro das Casas de Nação e Terreiros de Umbanda que tradicionalmente, todos os anos, nas margens banhadas pelo Lago Guaíba e pela Lagoa dos Patos, realizam a Festa de Oxum, celebrada no dia 8 de dezembro. Uma proposição inicial do Pontão de Cultura Ilê Axé Cultural Assobecaty, de Guaíba, e do Museu Antropológico do Rio Grande do Sul/SEDAC, com o apoio da AFROBRÁS. O encontro foi aberto com toques de tambor em saudação aos Orixás, seguido pela celebração das narrativas e imagens que contam as histórias dessas festas e de suas Oxuns. Um movimento de articulação das memórias coletivas vivas desses Terreiros em homenagem aos seus ancestrais, que culminou na entrega do título “Guardiões de Nossa Ancestralidade” às suas lideranças assim reconhecidas . O evento contou também com ambiência evocando as práticas de culto à Oxum e mostra fotográfica projetada, numa iniciativa em parceria do MARS junto ao Núcleo de Estudos da Religião (NER) da UFRGS, resultante da seleção de diversos acervos fotográficos das Casas e comunidades religiosas das cidades de Guaíba, Tapes, Eldorado do Sul e Porto Alegre, em suas festas da Ilha da Pintada e de Ipanema.
Aqui, apresentamos algumas ações do MARS que estão em andamento ou que já estão programadas para acontecer.